A Ore Investments, uma renomada gestora de private equity focada no setor de mineração, consolidou a aquisição do controle acionário da Morro Verde, uma das principais produtoras de fertilizantes fosfatados do Brasil. Esta aquisição confirma o interesse crescente na exploração de recursos minerais estratégicos e consolida a posição da Morro Verde no cenário da mineração nacional.
Localizada na região de Pratápolis, em Minas Gerais, a mina de propriedade da Morro Verde detém substanciais reservas comprovadas de fosfato, totalizando 50 milhões de toneladas, com um teor de concentração médio de 10%, um nível duas vezes superior à média nacional.
Atualmente, a Morro Verde mantém uma produção anual de 400 mil toneladas de fosfato, mas com o apoio do investimento da Ore, pretende elevar essa capacidade para 1,5 milhão de toneladas por ano. Esse aumento significativo garantirá uma vida útil estimada de aproximadamente 60 anos para a mina.
Mauro Barros, CEO da Ore Investments, destacou que a gestora realizou uma análise criteriosa de todos os ativos potenciais para a produção de fosfato no Brasil, e a Morro Verde destacou-se como a escolha superior.
Segundo Barros, a Morro Verde apresenta uma combinação única de elevado volume de toneladas e concentração média da jazida, o que a torna altamente estratégica para o mercado.
Além disso, a Morro Verde opera em um setor que registra um crescimento anual superior a 30%, ganhando participação frente aos fertilizantes químicos e importados, que representam atualmente 85% do consumo de fertilizantes no Brasil. Felipe Holzhacker, fundador da Morro Verde, comentou:
Estamos na confluência de duas importantes tendências: a segurança alimentar e a redução de emissões de carbono. Desenvolvemos fertilizantes adequados ao clima tropical e à agricultura regenerativa, setores que crescem a uma taxa de 30% ao ano, em contraste com os 2% a 4% do mercado de fertilizantes químicos.
Diferentemente dos fertilizantes químicos, que envolvem o uso de amônia, ácido sulfúrico ou cloro em seu processo produtivo, os fertilizantes naturais e biofertilizantes não incorporam substâncias químicas, sendo compostos apenas por microrganismos, matéria orgânica ou agentes biológicos.
Além de serem ambientalmente mais corretos, do ponto de vista de custo de produção eles também são mais eficazes, porque você não usa esses insumos que são complexos, e ele não é intensivo em energia, disse Mauro.
Para financiar esse investimento estratégico, a Ore Investments está mobilizando um fundo exclusivo. Parte dos recursos, cerca de US$ 15 milhões, provém do primeiro fundo da gestora, que já captou US$ 60 milhões, enquanto o restante é proveniente de co-investidores, sobretudo family offices. Embora o valor total do aporte não tenha sido divulgado, a Ore Investments informou que os US$ 15 milhões do primeiro fundo representam uma fração minoritária, inferior a 25% do montante total.
A transação engloba principalmente aquisições primárias, mas também envolve um componente secundário que oferece liquidez ao fundador e a outros investidores-anjo que ingressaram na empresa em estágios iniciais.
Mina de Pratápolis
Descoberta em 2013, a mina de Pratápolis iniciou suas operações três anos após a sua identificação. A aquisição pela Ore Investments não implicará em mudanças significativas na liderança, uma vez que Felipe Holzhacker permanecerá como CEO da empresa e continuará sendo o acionista majoritário por meio de sua holding.
Holzhacker delineou um plano ambicioso para a Morro Verde, que visa investir mais de R$ 500 milhões nos próximos cinco anos, com o propósito de expandir a produção da mina e lançar novos produtos. Os fundos para esse empreendimento virão tanto do aporte da Ore como da geração de caixa interna da empresa.
Atualmente, a Morro Verde comercializa dois produtos: o fosfato natural reativo e o calcário dolomítico, amplamente empregados na cultura de cana de açúcar.
Entretanto, a empresa tem a intenção de introduzir no mercado um biofertilizante denominado BioRocha, potássio natural e um polinutriente, especialmente adequados para as culturas de soja e milho.
A Morro Verde registrou um faturamento de R$ 150 milhões no ano passado, com uma margem EBITDA de 50%. Para o corrente ano, espera-se que a receita cresça substancialmente, na faixa de 30% a 40%, impulsionada pelos novos produtos de maior valor agregado.
Mauro Barros destacou que a Morro Verde representa um ativo de interesse a longo prazo. Dado que o Brasil enfrenta um déficit estrutural no fornecimento de fosfato, a localização estratégica da Morro Verde no Triângulo Mineiro a coloca em uma posição privilegiada para atender às regiões Sudeste e Centro-Oeste do país.
Mauro disse que a Morro Verde é um ativo “que gostaríamos de ‘buy and hold’, porque o Brasil é deficitário estruturalmente do produto e, no Triângulo Mineiro, você está na cara do gol para vender para o Sudeste e Centro-Oeste.”
Mas como saída, vemos a possibilidade de M&A com grandes produtores de fertilizantes químicos que queiram diversificar, ou com grandes consumidores do produto, que queiram verticalizar o negócio,” disse ele. ‘Outra possibilidade é um IPO.’
Fonte: Brazil Journal – Pedro Arbex
Edição: ÍGNEABR